um weblog sobre literatura, viagens, momentos, poesia, sobretudo, sobre a vida. enfim, um weblog com histórias dentro.

sexta-feira, outubro 31, 2003

Hoje queria vestir uma camisola que não vestia há muito tempo. Procurei, procurei. Em vão. A camisola sumiu. De certo ou dei ou está no sotão.
Coisas há, que desaparecem ou já não fazem parte de nós e nem nos apercebemos!
Q.
Entre os pingos da chuva e a banda sonora que se ouve do céu escrevo-te estas prometidas palavras. Um destes dias o dia nasceu com sol e adormeceu com chuva, exactamente como a minha febre. Ás vezes nem dou por ela, outras vezes ela faz questão de me calcar. Naquelas quatro paredes, despojadas de vida, à espera de uma nova estória para inscrever no espaço, esvaziei o copo. Mediste-me a febre e eu fechei a torneira ao ritmo das tuas mãos macias me passarem pelos fios de cabelo.
Não, não se resolve tudo dentro de quatro paredes. As quatro paredes alargaram-se. As minhas quatro paredes é o ar que me envolve e me faz vaguear pelas ruas da vida, pelo tempo que aquela Mão que vimos juntas me concede. Já não gasto tantos lenços de papel, equilibrei os calores da gripe, já não bebo tanto chá. A febre deu tréguas. Portanto, corro pelos dias encharcada de força, com intervalos cambaleantes e momentos de saudade por aquilo que está para vir. Só se vê bem com o coração e tu viste!

segunda-feira, outubro 27, 2003

Houve uma noite fria que me acolheu e chutou para um banco solitário entre as árvores de um jardim. Nessa noite eu ouvi "Adeus ó Braga".

domingo, outubro 26, 2003

M. II
Os ponteiros rodaram para trás, mas o mundo continuou.

sexta-feira, outubro 24, 2003

Deixas em mim tanto de ti.

quinta-feira, outubro 23, 2003

Hoje o Rós e a Sigur disseram depois de pensar: "Não conseguimos acompanhar o mundo". E, depois correram para tentar acompanhar o mundo e o tempo. E depois do depois (pensado pelos dois) pestanejaram e abriram cortinas de vidro, daquelas embaciadas pela alucinações dos ritmos dos outros planetas, mais rápidos. O Sí­lvio acabou de vencer o jogo de xadrez. Um dia, disseram-me que o mundo é um jogo de xadrez. Talvez porque a rainha tinha o teu nome estampado na coroa... talvez porque existem torres e cavalos, peças brancas e pretas que fazem parte do universo azul... tabuleiro verde ou de água? De água porque os nossos corpos flutuam num espaçoo indefinido! Na definção de "não conseguir acompanhá-lo" ou nas ilusórias chamas do tentar? Sim, o "tentar" torna-se um deserto quando a areia passa a imaginários fios de água e aqui "não conseguimos acompanhá-lo", no entanto, todos os desertos têm um poço... algures... onde a sede de palavras soa indesejada. E, no entanto, essas palavras são nossas. Serpentes que se evadem do mundo na ingratidão do rastejar. O mundo está repleto tanto de serpentes como de anjos. Será que existem anjos a rastejar e serpentes com asas?
e a resposta acanha-se atrás de duas palavras: - porque não? Enquanto houver flores que os escrevam, porque não? O pano vermelho que cobre o mundo cai. Finda a peça de teatro: as suas vidraças reflectem o que não conseguimos acompanhar no mundo.

B612
Todos nós vendemos o tempo. Vendemos o tempo quando estudamos e não queremos, quando vamos para as aulas e queríamos passear, vendemos o tempo quando o "lado esquerdo" quer dizer não e, por convencionalidades dizemos sim. Enfim, somos fantoches do tempo e por muito esforço que façamos não conseguimos mandar nos ponteiros que, confortavelmente abusam de nós.
Longe, lá de longe, onde a beleza do mundo se esconde,
mande para ontem, uma voz que se expande e suspende este instante...

Tribalistas

domingo, outubro 19, 2003

"Ao livro da tua vida. Ao livro que é o teu blog, que é lindo...as folhas que criamos e inventamos. Aos livros que nos abraçam."
Recebi um livro com folhas brancas, prontas a abrir as hospitalidades de estórias vividas, de imagens conceptualizadas. Sim, vou dar ao livro "cor, sorrisos, pós mágicos e lágrimas felizes e, sobretudo vida". Enfim, vou-lhes tirar a virgindade, a pureza do branco para manchar de tinta preta essas páginas cândidas.

sexta-feira, outubro 17, 2003

"os serões habituais e as noites sempre iguais"...
O Cappuccino que é, com quem diz, os meus amigos de Rio Tinto (desculpem o rótulo) fizeram um blog, um a juntar aos 2100 que já existem (por esta altura já deve chegar "aos cento e picos"). A Joana ficou com a boca aberta a admirar o horizonte que se avivou. No dicionário português, "Grupo" significa "formando um todo;reunião de pessoas" ou "conjunto de objectos no mesmo lance de olhos". Pois, então que sejamos um conjunto de Amigos no mesmo lance de olhos. No dicionário da Joana isto traduz-se pelo respeito na respirão de cada um, pelos gostos e personalidade de cada um. Obrigada pela miscelânea de letras, imagens e cores que podemos criar!
Com amizade me despeço,
depressivos-expressivos
Benjamins
Uma linda menina ofereceu-me um lindo CD com a estória do Benjamim. O Benjamim é um menino com uma ingenuidade admirável, uma inocência própria. Todos deviamos ser Benjamins!! Eu tenho um Benjamim com o mar na face, uma esperteza arrepiante e uma ternura magnetica que é o meu irmão de dois anos. O Benjamim diz "só mais um bocadinho" quando quer acordar de manhã. Quem me dera dizer de manhã "só mais um bocadinho" para continuar a "sonhar que estou a pilotar o avião"..."oh só mais um bocadinho"... e receber aplausos quando sair da cama e fazer "um xixi que nunca mais acaba". E ter um "cabelo que parece uma vassoura". Que alegria que era. O mundo acordava e dizia, só mais um bocadinho e continuava a dormir e depois, quando lhe apetecesse tomava os cereais e lavava os dentes e punha a mochila às costas e prosseguia dia adiante. Que giro que era! Podiamos abrir inscrições para criar um país Benjamim...

sábado, outubro 11, 2003

Ao verme que primeiro
roer as frias carnes
do meu cadáver
dedico como saudosa
lembrança estas memórias
póstumas.

Machado de Assis

quarta-feira, outubro 08, 2003

Por acaso não há acasos
O mundo parece um estádio de futebol a fazer a onda. Tudo está certo, sem estar programado.
O mundo deu-se por alguma razão e as coisas acontecem por alguma razão.
Por isso, Milan Kundera imprime que os pássaros dos acasos voam pelos nossos ombros. Trazem, portanto, "uma mensagem". E quem disser que há coincidências, mente. Quando nos atrasamos para uma aula, quando nos enganamos na rua, quando repentinamente começam a soar ecos de radiohead a perguntar "where are you now" e uma miúda italiana se senta ao meu lado, enquanto escrevo o texto, quando o vento sopra sul, quando a casa das sandes trespassa-se e vamos almoçar a outro lado e nesse lado acontece algo. Porque o acaso assim o quis, porque a vida assim o desejou, porque algo acontece por alguma razão. Maktub.

terça-feira, outubro 07, 2003

M.
Quando a vida está um caos e a sua imagem é desorganizada, como arte não-realista e transfigurativa, só nos resta mergulhar a fundo nos afazeres e abrir uma brecha para uma corrente de ar, apenas para arejar.

segunda-feira, outubro 06, 2003

A arte é o meio para chegar ao êxtase. É mais ou menos isto que Dennis Nuismann escreveu. Finalmente, História e Semiótica das Artes Visuais. Agora percebo quando muitos me diziam que a Semiótica tem algo bom!

domingo, outubro 05, 2003

Nada por tudo
O mestre rebelde pensou, eficazmente o nada. "Trabalhamos alguns anos para que depois não seja preciso fazer nada". E, depois "quando formos carcaças vamos passar anos a fio sem fazer nada". Em suma, o nada é o nosso tecto. As nossas respostas tendem para o nada: O que é que tens? Nada.
Mas, como em tudo na vida há um "mas". Um "mas" que faz sempre a diferença, um "mas" que consegue estar acima do nada, um "mas" que nos põe a mexer.
Quando Miguel Torga diz que a "vida é feita de nadas", a pebide da frase está, justamente no tudo que ocupa a vida, mas que nós desmesuradamente desperdiçamos. Aqui o nada é tudo! Portanto, a vida é feita de tudos que nós esquecemos no fundo da alma e que passam a nadas, porque passou o prazo de validade. Se queremos criar raízes temos de dar o tudo, se queremos caminhar pela vida e as suas estradas íngremes temos de dar o tudo, pois se cairmos no vazio do nada, perde-se a essência da luta e o paraquedas que nos segura! Finalmente, se moramos nas teias do nada, que para muitos é o caminho mais fácil, perdemos a tarefa mais difícil e mais charmosa da vida que é construir.

sábado, outubro 04, 2003

A Cruz de Martins e de todos nós...
Desde as 20 horas de quinta-feira não se fala de outra coisa. O sobrenome Martins da Cruz tem sido a salvação para a comunicação social. Pergunto-me se não fosse este caso de que matérias a imprensa se debruçava. Talvez a D. Maria tivesse mais espaço no jornal da TVI, os Ídolos na SIC ou a Operação Triunfo na RTP. É um facto que foi cometida uma ilegalidade, que o ministro se demitiu. É um facto que os órgãos de comunicação enquanto serviço público fizeram o seu papel: denunciaram. Contudo, o que é demais é erro e a quantidade repetida de informação que atravessa os ecrans de televisão, as páginas dos jornais e as colunas das rádios começa, inevitavelmente a cansar. É bom que os portugueses tenham uma boía em casa para se apoiarem porque o país está um verdadeiro caos, por todo o lado se respira o caos e vergonha. O presidente da República pode não ter comentado o assunto de modo directo (talvez tenha uma pedrita no sapato), no entanto numa coisa Jorge Sampaio tem razão, estes casos todos são uma sombra negra para o país.
Dizem que fazia amor com qualquer um e que se drogava
Dizem que foi vista a ver o mar, com outra mulher
Dizem que foi encontrada morta, com os pulsos cortados.

J.P.

quarta-feira, outubro 01, 2003

Ou não...
Os seres vivos habituaram-se ao "ou não". Em todo o lado escuta-se um "ou não". Os "ou não cruzam-se connosco como o vento cruza com os fios de cabelo. É verdade, a vida é feita de "ou não". Cada caso é um caso e, por isso não existe uma verdade absoluta, irrefutável. Vivemos com o "ou não", pagamos a renda de casa com ele, dorminos com ele, comemos com ele, estudamos e descansamos com ele. Dirigimos o mastro do mundo nesta direcção. Será assim...ou não...

Mas como a vida tem sempre um lado mais brilhante houve alguém que me mostrou o

Ou sim...
"Quanto a mim, que pouco de mim sou (ou sim), a irrefutabilidade do amor é um "ou sim" dos grandes. Daqueles em letras maiúsculas com um chapeuzinho nos pontos. Não há outra direcção senão amor, por menos de mim que seja...é a única razão que me faz querer ler-te no escrever...
Será assim...ou sim...
E amor-ou-sim!"
Sílvio Mendes...o Rós...também b612!