um weblog sobre literatura, viagens, momentos, poesia, sobretudo, sobre a vida. enfim, um weblog com histórias dentro.

terça-feira, janeiro 28, 2014

estórias de metro a metro - do sabonete

mal entrei no metro pensei que tinham acabado os sabonetes todos do mundo. no pingo doce, continente e similares, nas casas dos chineses ou perfumarias. pensei mesmo que o mundo tinha ficado desprovido de tudo quanto era cheirinhos. que da noite para o dia alguém tivesse varrido sabonetes, gel de banho. coisas destas que nem um euro custam. é manhã e há pessoas que cheiram mal. da boca. dos braços. dos cabelos. cheiram a suor e outras coisas mais e más. foi preciso entrar na primeira carruagem e sair na última. fugir aos pingos de suor, ao rasto do bad smell.

terça-feira, janeiro 14, 2014

estórias de metro a metro - da chuva

faz chuva. os guarda-chuvas atrapalham-se em curvas e contracurvas. o metro a tempo, os passageiros não. correm contra a chuva, contra o vento, sacodem água das capas, cospem os cachecóis da cara. abrem a carteira, voam papéis, voa o andante. validam o cartão, validam a viagem até ao resto do dia. a chuva não pára, o vento também não. a esperança estanca de uma ponta à outra ponta do dia. os sonhos páram - um instante - entre a respiração da manhã e a respiração da noite. caem pingos de lágrimas ao ritmo da chuva. há um hiato. um espaço de 8 horas que são um segundo. todos jogamos ao macaco chinês. quando abrimos os olhos com mau hálito ao momento em que lavamos os dentes e fechamos os olhos. entre uma coisa e outra somos estátuas, à espera da noiva-esperança, do sonhos. à espera - que alguém diga macaco-chinês.