um weblog sobre literatura, viagens, momentos, poesia, sobretudo, sobre a vida. enfim, um weblog com histórias dentro.

sábado, julho 28, 2007

A Literatura serve para isto mesmo.

sexta-feira, julho 27, 2007

os sonhos são tão grandes. e a vida tão pequena.

Teatro.
Àfrica.
Perú.
Livros.
Poesia.
Prosa.
Filho.
Amante.
Fotografia.
India.
Nova Iorque.
Jornalista.
Jornal.
Finlândia.
Discos.
Filmes.
Dança.

os sonhos são tão grandes. e a vida tão pequena. quando a luz se abriu à pouca multidão que se estendia na plateia, só me coube na cabeça aquela frase. ainda hoje o tempo que me ocupa, mora nas entranhas da cabeça a sussurar um lacónico - os sonhos são tão grandes. e a vida tão pequena.

quinta-feira, julho 26, 2007

Egas e Becas à pesca

O que descobri! Era o meu episódio favorito. Fosse assim a vida...chamava-se "peixe, peixe, peixe", e depois, vinham todos os "peixes" que quisessemos!!:-)

quarta-feira, julho 25, 2007

p-a-r-a-b-é-n-s

[scissor sisters, take your mama out]

Hoje a mulher da minha vida faz anos.
Parabéns, mãe!

terça-feira, julho 24, 2007


Aqueles dois passeavam-se ao som das ondas nocturnas a exibirem um amor-inverso-da-natureza. Homem e homem. Mulher e mulher. Provocam um odor-estranho-ao-verso-da-natureza.
À entrada da porta por onde passam para vaguearem pelo seu mundo, agitam beijos e mãos e tudo o resto fica vazio. O mundo não está perdido.
Tudo o resto é lucidez perdida para o mau estacionamento do amor.

segunda-feira, julho 23, 2007

A mulher encosta o corpo na parede. A parede condiz com o seu corpo - cansado e velho. O homem seduz-lhe a orelha, e ela adapta-se ao gesto diário - cansado e velho.

Minha alegria, minha amargura, minha coragem de correr contra a ternura [Ary dos Santos].

sábado, julho 21, 2007

sexta-feira, julho 20, 2007

...

Caminho tantas vezes na mesma rua, que até a podia fazer de olhos fechados: conheço cada pedra do caminho, o ritmo da passadeira, a sua hora de ponta, quando a luz deambula de verde e vermelho. Decorei os sapatos de cada um que por lá passa.

Ontem, pareceu-me ter visto, justamente o Al Berto. E segui-o. Aquele homem, de costas, era o Al Berto. E deixei-me levar pela mentira. O Al Berto morreu. E, se fosse vivo, era pouco provável que serpenteasse pelo Campo 24 de Agosto. De qualquer modo, como se eu disser mar em voz alta, julgo que ele entra pela janela, decidi render-me à (des)ilusão.

O olhar era o do Al Berto, perdido no ar, o rosto penetrante, ao andar parecia que levantava voo. E o cabelo, esse, era tão despenteado, que me pareceu, que passou a noite a pensar, a pensar, a pensar. Acendeu um cigarro.

Só rasguei o pensamento, quando, o homem, encontrou os meus olhos, e, neles não lhe descobri nenhum verso.

quinta-feira, julho 19, 2007

Al Berto, "(O) Lunário"

«Sempre levei na bagagem muito pouca coisa» pensou Beno, esticando o pescoço para a frente de modo a seguir o voo sinuoso duma gaivota no enquadramento da janela.«Uma ou duas camisas, t-shirts, dois ou três pares de calças e uma infinidade de minúsculos objectos que nunca me serviam para nada. Viajei com o absolutamento necessário e ao chegar a qualquer lugar comprava o que me fazia falta, depois, assim que prosseguia caminho, deitava tudo fora. Sempre achei que o que me era útil e necessário num sítio deixaria de ser noutro...» Beno estava sentado perto da janela e olhava o mar atraves dos vidros foscos pela poeira.Desde o seu regresso, tinha o hábito de se sentar ali, como uma obsessão, ao escurecer. Imóvel, o olhar perdido por cima do mar, deixava a memória fiar os acontecimentos, laboriosamente, com o repetido movimento das marés. Não tinha mais nada que fazer. A gaivota saíra do enquadramento da janela e Beno, estendendo as pernas, voltou à posição inicial, encolhendo-se na cadeira. Suspirou acendeu um cigarro ao mesmo tempo que retomava a teia do pensamento: «Nesse tempo, não tinha casa de amigos ou em quartos de pensão, por onde ia largando um rasto de tralha que sempre transportava comigo. Tralha inútil ... mas nunca me rodeei verdadeiramente de objectos, nunca possuí coisas, e com o rodar dos anos acabei por desfazer-me dos poucos que guardei e em mim evocavam encontros felizes, fortuitas cumplicidades, ou simples travessias da noite das cidades.» Uma brisa noctuna e carregada de sal desatou a soprar. O dia começava a morrer. A espuma das ondas tornara-se quase vermelha, a água ardia. Beno sentiu-se envolto numa espécie de torpor que o cegava. Olhava o mar, pressentia-o mais do que, na verdade, o via. E tudo o que via afinal, não era senão uma mancha azulada estendendo-se a perder de vista, metalizada e ondulante, onde o crepúsculo derramava breves incêndios.

sábado, julho 14, 2007

oh captain, my captain...

na tarde a caminho da noite

apetecia-lhe fumar um último cigarro da vida. ela foi-se embora devagar, numa morte lenta, onde só lhe sobrava o fumo de uma realidade inconstante, e o cigarro não lhe saía da cabeça. havia remédio para tudo, menos para o fumo de uma realidade inconstante - disse-lhe um dia a avó, ou o avô, não se lembra. soprou-lhe ao ouvido um desejo, daqueles de hora de ponta, de se colocar em bicos de pés e espreitar o doce sabor de uma tarde que se despede do dia de ontem, e da proximidade de uma noite que se confunde com os dias claros. a rua, àquela rua, percorria-lhe o mapa do corpo em traços quentes e delinquentes. apetecia-lhe voltar, àquela rua, morena de suja, delgada de corpo, e onde o chão pousa no céu. na tarde a caminho da noite. o castelo foi a cura.

terça-feira, julho 10, 2007

Her skin is white cloth,
and she's all sewn apart and she has many colored pins sticking out of her heart.
She has many different zombies

who are deeply in her trance.
She even has a zombie who was originally from France.

But she knows she has a curse on her, a curse she cannot win. For if someone gets too close to her,
the pins stick farther in.

Tim Burton, Voodoo Girl


segunda-feira, julho 09, 2007

Quando ela já estava morta, estendeu-a por terra, no meio dos caroços das ameixas, e arrancou-lhe o vestido; a onda de perfume transformou-se numa maré que o submergiu. Encostou o rosto à pele dela e passeou as narinas dilatadas desde o ventre ao peito e ao pescoço, sobre o rosto e os cabelos, regressou ao ventre, desceu até ao sexo, às coxas, ao longo das pernas brancas. Farejou-a integralmente da cabeça às pontas dos pés, e recolheu os últimos traços do perfume no queixo, no umbigo e nas covas dos braços cruzados da jovem.
Depois de a cheirar a ponto de a fazer perder a frescura, permaneceu acocorado junto ao corpo, a fim de se recompor, na medida em que estava a transbordar dela. Nada queria desperdiçar deste perfume. Precisava antes do mais de vedar todas as membranas. Em seguida, levantou-se e soprou a chama da vela.


O PERFUME, PatrickSuskind

(daqui)

quarta-feira, julho 04, 2007

Às vezes sinto que os meus dias são só tempo.
Sentada na torre do meu quarto, de phones ligados à Antena 3 consegui "assistir" ao concerto dos Arcade Fire. E ainda falam dos malefícios da internet.
O Movimento Informação é Liberdade é boa ideia. As coisas andam por ai a marinar sem empurrões ou abanadelas. É preciso sacodir a poeira. Apenas um pedido: sem elitismos.

terça-feira, julho 03, 2007

este país dava um filme

Eu não li, mas segundo um dos meus captains lá do trabalho, que leu na Lusa, hoje cinco feridos - resultado de um acidente de viação - estiveram a secar, à espera, na estrada, para serem transportados para uma unidade hospitalar. Tudo, porque as corporações queriam ambas levar os desgraçados para o hospital. Uma hora de discussão e depois, o assunto ficou resolvido. Vá lá que as vítimas não estavam a morrer. Surreal.