Uma resposta com letras no meio...nem sempre falar é a melhor opção...
Dezanove horas. Depois de um longo dia sem fazer nada, apenas ouvir música, passear pelos blogs, caminhar pela casa e apreciar esta rotina que poucas vezes vivo, lembrei-me que na minha casa existe uma caixa de correio, que durante todo o dia tinha ficado esquecida. Tive pena dela. Ninguém gosta de ser esquecido! Levei a chavinha pequena à fechadura, espreitei a caixinha pequena e surpreendi-me com o pequeno envelope. Adivinhei que a carta era tua, adivinhei, também as palavras e as folhas e pensei: "Como é que uma carta tão grande cabe nesta caixinha e neste envelope". Entrei na cozinha, sentei-me confortavelmente na cadeira, desliguei a televisão, enfim, preparei o momento.
Li as cinco folhas que, incansavelmente me escreveste, senti o peso da caneta nas folhas, ouvi o barulho que ela fazia, imaginei as vezes que paraste para descansar o dedo. Li a carta toda, seguida, sem um stop, sem um rewind. Li em voz alta e a casa, a cozinha, os quadros, os objectos conheceram toda a história. A minha alma gravou tudo, apanhou cada letra e vírgula, cada ponto e acento.
Amei a história como se fosse minha e esse sonho que partilhamos juntas, foi desse modo como me contaste que sempre o desenhei, o senti, o idealizei. Percebo-te como te peço que me percebas a mim se te parecer estranha. A alma é a mesma, a vida é que nos leva a respirar de modo diferente algumas vezes. Amei a carta como amo os meus desafios. Detestei o "agora estou perfeitamente normal". Isso não, por favor.
um weblog sobre literatura, viagens, momentos, poesia, sobretudo, sobre a vida. enfim, um weblog com histórias dentro.
segunda-feira, setembro 29, 2003
sábado, setembro 27, 2003
Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto no céu, e alegrar quem o observasse.
Um dia, uma mulher viu o passáro e apaixonou-se por ele. Ficou a olhar o seu voo com a boca aberta de espanto, o coração batendo amis rapidamente, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajavam pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.
Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.
E sentiu-se sozinha.
E pensou: “Vou montar uma armadilha. Da próxima vez que o pássaro surgir, ele não partirá mais.”
O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.
Todos os diasele olhava o pássaro. Ali estava o objecto da sua paixão.
Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro e já não precisava de o conquistar, foi perdendo o interesse. O pássaro, sem poder voar e experimentar o sentido da sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio. E a mulher já não lhe prestava atenção, apenas prestava atenção à maneira como o alimentava e como tratava da sua gaiola.
Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou, profundamente triste, e passava a vida a pensar nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
Se ela se observasse a si mesma, descobria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
Sem o pássaro, a sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta. “ Por que vieste”, perguntou à morte.
“Para que possas voar de novo com ele nos céus”, respondeu a morte. “Se o tivesses deixado partir e voltar sempre, amá-lo-ias e admirá-lo-ias ainda mais; porém, agora precisas de mim para poderes encontrá-lo de novo”.Onze Minutos
Um dia, uma mulher viu o passáro e apaixonou-se por ele. Ficou a olhar o seu voo com a boca aberta de espanto, o coração batendo amis rapidamente, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajavam pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.
Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.
E sentiu-se sozinha.
E pensou: “Vou montar uma armadilha. Da próxima vez que o pássaro surgir, ele não partirá mais.”
O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.
Todos os diasele olhava o pássaro. Ali estava o objecto da sua paixão.
Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro e já não precisava de o conquistar, foi perdendo o interesse. O pássaro, sem poder voar e experimentar o sentido da sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio. E a mulher já não lhe prestava atenção, apenas prestava atenção à maneira como o alimentava e como tratava da sua gaiola.
Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou, profundamente triste, e passava a vida a pensar nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
Se ela se observasse a si mesma, descobria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
Sem o pássaro, a sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta. “ Por que vieste”, perguntou à morte.
“Para que possas voar de novo com ele nos céus”, respondeu a morte. “Se o tivesses deixado partir e voltar sempre, amá-lo-ias e admirá-lo-ias ainda mais; porém, agora precisas de mim para poderes encontrá-lo de novo”.Onze Minutos
quinta-feira, setembro 25, 2003
domingo, setembro 21, 2003
Porque se discute o papel dos blogs...
Qual o papel de um blog, de um post, de se publicar um livro, de escrever um texto, de rascunhar cadernos, de desenhar letras e pintar palavras, de riscar paredes, de cavar a areia, de mexer na água, de fazer contas no guardanapo, de vomitar sentimentos, de passá-los para o mundo?
Uns dizem que não nos conhecemos através dos blogs, outros refutam que sim. Outros, ainda questionam porque o fazemos, outros temem que o privado se confunda com o geral. Afinal, qual o papel de tudo isto? É o papel que quisermos dar. Lembro as palavras de Rita Ferro quando diz que através da escrita nos conhecemos melhor e ao mundo. Creio nestas palavras como quem crê em tudo quanto existe debaixo do sol.
E aproveito para fazer um PS para todos os meus posts. Quando escrevo sinto-me escritora e, como tal imagino-me e imagino um universo de mundos que podem fazer parte de mim ou não. Estórias imaginadas ou não, deste planeta ou de outro, são estórias vindas de um círculo, a minha alma, o coração, a mente, as minhas mãos, o meu piano sem notas mas com letras, o leitor e a alma dele. Estes ingredientes e outros, segredo da casa, é tudo quanto preciso para sorrir e fazer sorrir, chorar e fazer chorar. E isto pode ser num blog, num livro, num caderno, nas paredes, na areia ou nos guardanapos.
Qual o papel de um blog, de um post, de se publicar um livro, de escrever um texto, de rascunhar cadernos, de desenhar letras e pintar palavras, de riscar paredes, de cavar a areia, de mexer na água, de fazer contas no guardanapo, de vomitar sentimentos, de passá-los para o mundo?
Uns dizem que não nos conhecemos através dos blogs, outros refutam que sim. Outros, ainda questionam porque o fazemos, outros temem que o privado se confunda com o geral. Afinal, qual o papel de tudo isto? É o papel que quisermos dar. Lembro as palavras de Rita Ferro quando diz que através da escrita nos conhecemos melhor e ao mundo. Creio nestas palavras como quem crê em tudo quanto existe debaixo do sol.
E aproveito para fazer um PS para todos os meus posts. Quando escrevo sinto-me escritora e, como tal imagino-me e imagino um universo de mundos que podem fazer parte de mim ou não. Estórias imaginadas ou não, deste planeta ou de outro, são estórias vindas de um círculo, a minha alma, o coração, a mente, as minhas mãos, o meu piano sem notas mas com letras, o leitor e a alma dele. Estes ingredientes e outros, segredo da casa, é tudo quanto preciso para sorrir e fazer sorrir, chorar e fazer chorar. E isto pode ser num blog, num livro, num caderno, nas paredes, na areia ou nos guardanapos.
sexta-feira, setembro 19, 2003
quarta-feira, setembro 17, 2003
Os olhares atentos das pessoas que se fazem transportar nos autocarros é crónico. É incrível como aquelas multidões perpassam as vidas uns dos outros com os olhos. Sentamo-nos à frente uns dos outros e sentimos a respiração uns dos outros e vemo-nos a pensar. Como é a vida daquele que se senta de perna cruzada ou daquela que prefere ir de pé ao invés de se sentar naquele banco vazio mesmo ao seu lado. Cusquice ou não isto são os dias de todos nós!
terça-feira, setembro 16, 2003
sábado, setembro 13, 2003
Sou estranha. Qual é a graça de ser normal? Tenho uma criança em mim. Qual é a graça de ser adulto? E acima de tudo, por que é que não posso exclamar salpicos de céu e pedaços de mar, ao invés de salpicos de mar e pedaços de céu!
Algo que só os estranhos e as crianças (que são os mais felizes do mundo e o fazem melhor) compreendem. E esta, hein!!!
Algo que só os estranhos e as crianças (que são os mais felizes do mundo e o fazem melhor) compreendem. E esta, hein!!!
sexta-feira, setembro 12, 2003
Depois de ler o post Do Lado de Cá de hoje, também fiquei curiosa quanto à categoria que o Planeta B612 patenteia no inventário dos blogues portugueses levado a cabo pelo Blogo Esfera. Lá estava ele no número 24 da categoria "Atlas da Blogosfera", onde está escrito ...Universos, Planetas,...Lugares e mais lugares...
Enfim, uma categoria que se adapta, quanto mais não seja, somente pelo nome!!
Enfim, uma categoria que se adapta, quanto mais não seja, somente pelo nome!!
terça-feira, setembro 09, 2003
Homenagem
Ainda não dediquei suficiente tempo à descrição do planetab612. Por exemplo, ainda não estreitei caminho para links de outros planetas, que já fazem parte deste. Por isso, decidi prestar uma homenagem aqueles blogs que ás vezes visito mais de uma vez num só dia: Atacadores; Fechado para obras; Do Lado de Cá; destination myself; jack'sblog;Evasões de um sonhador... E a lista continua...
Ainda não dediquei suficiente tempo à descrição do planetab612. Por exemplo, ainda não estreitei caminho para links de outros planetas, que já fazem parte deste. Por isso, decidi prestar uma homenagem aqueles blogs que ás vezes visito mais de uma vez num só dia: Atacadores; Fechado para obras; Do Lado de Cá; destination myself; jack'sblog;Evasões de um sonhador... E a lista continua...
sábado, setembro 06, 2003
Hoje fiz uma longa caminhada. Pela estrada fora, pelos passeios incertos e vestidos de areia comecei a reparar nos meus pés. Ora, sempre que ando ao invés de olhar em frente, fixo as pupilas nas sandálias. Apreciei, pela primeira vez o meu andar, as minhas unhas, os meus pés. Não sei porquê o meu consciente levou-me aos antepassados e desenhei mentalmente a minha árvore geneológica. A cada passo imaginava os passos e a longa caminhada dos pais dos pais dos meus avós, dos meus bisavós, dos seus irmãos, primos, tios que depois deram sobrinhos e filhos e netos e irmãos e por ai fora... Até chegar a mim. Ali estava eu a caminhar e a sentir os passos que foram precisos para chegar a mim, aquele passeio, aquela caminhada, aqueles passos...
sexta-feira, setembro 05, 2003
quinta-feira, setembro 04, 2003
Estava rodeada de amigos num bar onde se recitava poesia. Os versos soltavam-se em bocas impreparadas para declamar. Resolvi, então sentar-me com uma amiga num degrau frente ao bar. Juntas apreciamos a beleza da noite, a lua escondida, um gato a vaguear. Ela fumou um cigarro, eu fumei do fumo dele! A poesia que brindava aquela noite intervalou e gentes saíram para refrescar o corpo inundado de fumos.
Um senhor de cabelos grisalhos, de idade avançada surgiu com um bloco de folhas bêge e lápis escuro. "Posso desenhá-la?", perguntou, acrescentando o seu gosto por sarrabiscar rostos, especialmente femininos! O tom envergonhado da voz que faz parte nestas situações não se escapou e entre os lábios apareceu, instantaneamente um "pode". Pediu para estar quieta, descobriu os meus 19 anos de filha única pela covinha no queixo. Entretanto, a poesia recomeça. "Vamos para dentro", sugere. "Oh, a luz não é a mesma", resmunga. Vira um foco de luz só para mim e nesta altura já está meio bar a admirar a pintura e a ouvir os versos que soltos não se ligam na minha cabeça. Começo a imaginar o que paira na mente daquele ser que descobriu o seu dom. Será que me vou reconhecer, será que tenho a luz, da qual todos os pintores falam. Porque acenam que sim aquelas pessoas. O pintor de rostos femininos engana-se e começa de novo. "Tem um rosto difícil para desenhar". E eu pensei se calhar é da minha estória, será que ele está apanhar a minha estória, as minhas vivências, a minha infância e juventude ou será mesmo pelo momento que estou a passar e o pintor que culpava a luz tinha captado e não sabia. "Para a semana tenho de lhe pintar melhor!", exclamava. Finalmente, o retrato ficou completo. Olhei a cara no papel à minha frente, nele via uma rapariga jovem com olhar terno, sério, com fios de cabelo a cair e uns olhos incompletos na sua plenitude. Não, não era EU que estava ali, mas era EU que estava ali. Não tinha conseguido parar a luz do meu ser, mas conseguiu parar o meu estado de alma! Antes de ir embora, ainda suspirou: "É muito mais bonita que isto".
Um senhor de cabelos grisalhos, de idade avançada surgiu com um bloco de folhas bêge e lápis escuro. "Posso desenhá-la?", perguntou, acrescentando o seu gosto por sarrabiscar rostos, especialmente femininos! O tom envergonhado da voz que faz parte nestas situações não se escapou e entre os lábios apareceu, instantaneamente um "pode". Pediu para estar quieta, descobriu os meus 19 anos de filha única pela covinha no queixo. Entretanto, a poesia recomeça. "Vamos para dentro", sugere. "Oh, a luz não é a mesma", resmunga. Vira um foco de luz só para mim e nesta altura já está meio bar a admirar a pintura e a ouvir os versos que soltos não se ligam na minha cabeça. Começo a imaginar o que paira na mente daquele ser que descobriu o seu dom. Será que me vou reconhecer, será que tenho a luz, da qual todos os pintores falam. Porque acenam que sim aquelas pessoas. O pintor de rostos femininos engana-se e começa de novo. "Tem um rosto difícil para desenhar". E eu pensei se calhar é da minha estória, será que ele está apanhar a minha estória, as minhas vivências, a minha infância e juventude ou será mesmo pelo momento que estou a passar e o pintor que culpava a luz tinha captado e não sabia. "Para a semana tenho de lhe pintar melhor!", exclamava. Finalmente, o retrato ficou completo. Olhei a cara no papel à minha frente, nele via uma rapariga jovem com olhar terno, sério, com fios de cabelo a cair e uns olhos incompletos na sua plenitude. Não, não era EU que estava ali, mas era EU que estava ali. Não tinha conseguido parar a luz do meu ser, mas conseguiu parar o meu estado de alma! Antes de ir embora, ainda suspirou: "É muito mais bonita que isto".
terça-feira, setembro 02, 2003
"O sistema está a funcionar"
Eu logo vi que estava tudo a correr demasiadamente bem para estreitar-se um desfecho para o caso "Casa Pia". Na hora H vêm com a treta dos recursos e que se está a fazer cumprir a lei e outras estórias da carochinha. O Júdice diz que o "sistema está a funcionar" e Portugal assim caminha como uma "choldra torpe" para a "bancarrota" como escreveu o nosso Eça de Queiroz.
Eu logo vi que estava tudo a correr demasiadamente bem para estreitar-se um desfecho para o caso "Casa Pia". Na hora H vêm com a treta dos recursos e que se está a fazer cumprir a lei e outras estórias da carochinha. O Júdice diz que o "sistema está a funcionar" e Portugal assim caminha como uma "choldra torpe" para a "bancarrota" como escreveu o nosso Eça de Queiroz.
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