um weblog sobre literatura, viagens, momentos, poesia, sobretudo, sobre a vida. enfim, um weblog com histórias dentro.
segunda-feira, março 03, 2014
fragmento de um romance:
há dias em que custa levantar. depois há dias em que custa sair da cama. quando se apercebe já custa tomar banho, cuidar da aparência. e da aparência da alma. escreve-se uma lista com afazeres. e surge a pergunta: para quê? e depois ouve-se: o sol está atrás das nuvens. tão envergonhado como todos nós. e dentro do coração tricotado a teias de aranhas ouve-se baixo: para o...nde hei-de bombear o sangue? onde está o sangue? mais: onde está a estrada? tenho tanta luz à frente e os meus olhos continuam escuros.
fragmento de um romance:
por minha culpa, minha tão grande culpa. ensinou-me a avó sãozinha.
há gente que simplesmente não consegue pedir ajuda, ensinou-me o PC. somos um bando de egoístas. oferecemos as mãos, porque a sociedade aplaude. os médicos receitam caixas de merdas porque ganham viagens. todos julgam ter razão, ter o mundo nas mãos, só para eles. pimenta no rabo dos outros é refresco para mim, ensinou-me o meu avô.
fragmento de um romance:
primeiro eu. depois quem me interessa. e depois talvez tu. ensinam-me as pessoas que me empurram no passeio como se pagassem aluguer. essas que nada sabem de mim, eu que nada sei delas. na verdade, nem quero saber. amor com amor de paga.
fragmento de um romance:
não tenho que ouvir gente intrometida a responder-me mal. da próxima levam uma chapada na cara. nasci aquário e às vezes esqueço-me disso. tenho a cabeça na lua mas a solidariedade de Deus, e a coragem do vento.
fragmento de um romace:
eu sou Deus. posso esquecer-me disso. podem-me cair sonhos entre os dedos, pesar-me nas costas a frustração de um trabalho que ninguém soube valorizar, a falta da festinha na cara que às vezes sabe bem. mas EU sou Deus.
fragmento de um romace:
posso um dia morrer velha, contar dois ou três desejos que realmente concretizei, mas no momento em que fechar os olhos, apenas espero sentir que fui honesta comigo ao tentar conquistar a minha Lenda Pessoal (poucos sabem o que isto é), e honesta com os outros ao dizer sim com verdade e não com coragem.
fragmento de um romace:
acredito na vida, acredito que sou feliz. sobretudo acredito no que aprendi no Caminho de Santiago: escolhe um caminho, mas escolhe, e que a partir daí que a decisão seja genuína, parta do centro de ti e jamais olhes para trás.
fragmento de um romance:
nasci para me agradar e agardar a quem amo e merece o meu amor.
[fim à simpatia forçada, fim a desculpas porque me esqueci disto ou daquilo, fim à fraqueza]. [que me lembre sempre das palavras de um peregrino de 2004, e só hoje me recordei, tens o céu nos olhos,parace que trazes ai dentro todo o mundo, faz com ele o que quiseres].
fragmento de um romance:
tudo o que resto que se foda.
poema ao desaparecido
esvaziar para voltar a encher. sopraram-me hoje ao coração.
como se faz isso? Pergunta a criança grande desamparada. Cheia.
Cheia de coisas das ruas, das casas, das pessoas, das caixas, do passado.
Sopra. Sopra. Sopra. Sopra. Cá para fora. Deita cá para fora. Vomita.
Custa vomitar. Começar por onde a soprar.
Esvaziar onde, por onde?
Gritos. Gritos. Gritos.
Tenho de ser filtro. Separar o mar como fez moises. Mas eu não sou móises, ou posso ser quem quiser?
Um acorde. Basta um primeiro acorde. Que vem do centro de nós. Para acordar.
Para limpar a nódoa. O que quer que seja que está a mais. A corroer. A bloquear.
‘se vens a mim, vem a rir’. Disse jesus.
Terei de rir com verdade. Terei de rir do centro de mim.
Começarei por arrumar a casa. A minha casa. Aquela onde os convidados já sabem quem são os convidados e são escolhidos a dedo.
Terei de fazer a minha viagem. Contar o meu conto. Encontrar as minhas palavras. Saber ouvir.
Sobretudo saber aceitar.
Sobretudo saber agradecer.
Sobretudo saber qual a minha missão.
Lutar. Palavra pequena e mágica. Pequena e poderosa. Pequena e desafiadora. Pequena e inspiradora. Pequena e árdua. Pequena e necessária.
Perguntam-me:
[todos]
O que queres?
O que queres?
O que queres?
Acho que é a isto que tenho de responder com genuidade. Para mim e para os outros. Traduzir sentimentos em acções. Esperança em ‘seja feita a sua vontade’.
Alinhar-me. Deus dá os desafios próprios a cada um dos seus filhos.
Não se pode ganhar sempre, mas também não se pode perder sempre.
E é nesta dança em que estou.
Subscrever:
Mensagens (Atom)