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segunda-feira, março 03, 2014

poema ao desaparecido

esvaziar para voltar a encher. sopraram-me hoje ao coração. como se faz isso? Pergunta a criança grande desamparada. Cheia. Cheia de coisas das ruas, das casas, das pessoas, das caixas, do passado. Sopra. Sopra. Sopra. Sopra. Cá para fora. Deita cá para fora. Vomita. Custa vomitar. Começar por onde a soprar. Esvaziar onde, por onde? Gritos. Gritos. Gritos. Tenho de ser filtro. Separar o mar como fez moises. Mas eu não sou móises, ou posso ser quem quiser? Um acorde. Basta um primeiro acorde. Que vem do centro de nós. Para acordar. Para limpar a nódoa. O que quer que seja que está a mais. A corroer. A bloquear. ‘se vens a mim, vem a rir’. Disse jesus. Terei de rir com verdade. Terei de rir do centro de mim. Começarei por arrumar a casa. A minha casa. Aquela onde os convidados já sabem quem são os convidados e são escolhidos a dedo. Terei de fazer a minha viagem. Contar o meu conto. Encontrar as minhas palavras. Saber ouvir. Sobretudo saber aceitar. Sobretudo saber agradecer. Sobretudo saber qual a minha missão. Lutar. Palavra pequena e mágica. Pequena e poderosa. Pequena e desafiadora. Pequena e inspiradora. Pequena e árdua. Pequena e necessária. Perguntam-me: [todos] O que queres? O que queres? O que queres? Acho que é a isto que tenho de responder com genuidade. Para mim e para os outros. Traduzir sentimentos em acções. Esperança em ‘seja feita a sua vontade’. Alinhar-me. Deus dá os desafios próprios a cada um dos seus filhos. Não se pode ganhar sempre, mas também não se pode perder sempre. E é nesta dança em que estou.

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