Armando Jorge.
Hoje - ontem - quem visitasse as urgências do Hospital de Santo António no Porto deparar-se-ia com Armandos Jorges por todo o lado. Camas com corpos doentes, ao relento de cuidados, desprovidos de amor. No corredor camas em fila indiana, profissionais de saúde atropelam-se nas fichas médicas e a gritar 'não pode isto, não pode aquilo'. Rodopios e ziguezagues de nomes, chamadas, gentes de todas as espécies. Corrente de ar (para arejar as salas?). E um Armando Jorge.
Armando Jorge.
Armando Jorge.
Armando Jorge.
Enfermeiros frenéticos a gritarem pelo Armando Jorge, perdido, algures, sem saber que lhe estavam no rasto. Possivelmente abrigado num cobertor sem cor, virado para uma parede apática, triste de tanta urgência atrasada.
Pensei: Somos um país de terceiro mundo, e julgamos que somos super desenvolvidos.
Devo ter pensado alto, porque não faltaram vozes a desgraçar as infraestruturas da nossa saúde.
Não encontraram o Armando Jorge enquanto lá estive. Talvez amanhã - depois de amanhã.
Sem comentários:
Enviar um comentário