As vidas estão guardadas em caixas. A minha está repartida por várias caixas. Hoje abri uma caixa pequenina a germinar estórias. Respirei o passado e toquei-lhe. Atravessei páginas e folhas soltas, fotografias pelo meio, folhas de árvores diminutas no tamanho. Perdi-me pelo tempo. Descobri tantos olhares pelo azul e preto da caneta. Descobri seres, coscuvilhei a alma, vi rosas murchas, sorrisos, chuva a cair e o sol a nascer. Vi um mundo em construção! Descobri, também uma carta, uma carta, cujo destinatário é Deus...entre papel de rebuçado, para lembrar o que advinhava esquecido, lá estava ela a perguntar o que encontro, agora nesta pele que me calhou, nestes olhos que me denunciam...
...perdida nos braços do mundo
navegando nas ondas frias do mar, escondo-me da vida e de mim
protego-me no algodão de seda que me cobre a pele e o olhar revelador
que poisa na superfície da terra, como uma fada no ramo de uma árvore...
Oh! Não há estrelas. No meu dia não há estrelas...a quem pedir desejos...elevo a voz interior vinda do espírito, desabrocho a alma e todas as estrelas que vivem acima do nevoeiro que nos atomiza, sublimam-se...dizer amar o universo, mas só aquele para lá do nevoeiro...espero que ainda não me tenha entranhado e que a minha alma seja tão límpida, quanto sublime para atravessar o nevoeiro e fazer com que as estrelas me ouçam no meu dia...e será que algum dia foi nosso?... (a 10 de Fevereiro de 2003).
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