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quinta-feira, janeiro 05, 2006

Existem impetos em mim completamente desnecessarios. Sinto-me uma corda sem destino, pendurada e esquecida algures no nevoeiro de uma qualquer cidade desconhecida. Prende-se o desejo de aniquilar a dor. Mante-la distante. Tudo nao passam de orgasmos de dor. O cinzento a cor perfeita. A minha cor perfeita. Sou um apenas. Gosto de ser um tanto faz. Porque sim. Porque nao posso ser mais, ou outra coisa. Quem me dera desdobrar as fantasias que tenho em realidades utopicas saidas de um filme a preto e branco. Gostava de ser uma poetisa louca, desarmada de realidades desnecessarias e falsas. Gostava de ser a Humanidade e plantar arvores, escrever livros, e ter muitos filhos. Mas, onde esta o parceiro ideal para isso? Gostava de ser letras numa sopa quente, com pimento para comer. Gostava de ser o tanto do nada que sou, de momento. Despeco-me sempre com lagrimas ate ao chao. Do chao elas rolam para longe, muito longe, mas mesmo assim, eu consigo ve-las, e ate sonha-las. Deprime-me a felicidade com as pessoas correm, saltam, dancam. Deprime-me a minha infelicidade rasca, sem sentido ou quarto para descansar.
Adoro as filosofias que me ensinaram e ainda ensinam, ou tentam ensinar. Nao percebo esta sombra pintada que rasteja atras de mim. Todos tem a mesma cara. Cara de preto e vermelho pesado e querido, sem o saberem. Atroz este mundo que o fazemos. Esculpimos o mundo e achamo-lo capaz. Aplausos para nos. Onde reside a perfeicao do imperfeito que desenhamos diariamente? O mundo arde. Nos queixamo-nos. Mas, mesmo assim, perdemo-nos em desculpas desnecessarias, improprias para consumo. Que grande estupidez a nossa. Inventamos palavras e nao as podemos soltar. Inventamos poderes e nao os podemos cumprir. Inventamos desejos para nao os levar a cabo. Inventamos sonhos para nao os realizar. Inventamos amor para nao o aceitar. Inventamos tudo o quanto existe para negar tudo. Somos desnecessarios e inconvincentes no nosso ser. Existimos apenas. Tanto para nada. Nada para tanto. E assim que gira o mundo. Nao?

2 comentários:

Sílvio Mendes disse...

e se for o mundo a estar parado, incrédulo por não pararmos quietos para o sentir?
E se for o mundo cego, surdo e insensível e não quiser saber de nós para nada?

Não sei.

Sei que gostava de ser mais abraço e menos palavras. Mais comboio e menos internet.
Sei que gosto de ti e que cada lágrima tua é menos uma palavra perfeita que vou ser capaz de dizer.

Anónimo disse...

é por isso que quando nascemos, nascemos sombras, o mundo espera cheio...