Lembro-me dela passear-se frente ao metro, perto da rotunda da Boavista à minha espera. Carteira no ombro, escondia-se do sol da manhã. Bons-dias dados era hora do café, ou o dia podia escorregar pelas escadas do tempo. Lá íamos ao café do senhor simpático, que como ela dizia: "Tem uma coisinha por ti". "Ai que maluca, Moniquete", resmungava eu. Até à paragem do autocarro cuscávamos, cuscávamos, cuscávamos...Umas verdadeiras senhoras de meia-idade (salvo-seja). Depois no autocarro lá ia eu feita senhora sabe de cor os quilómetros do Porto, e ditava-lhe as legendas dos prédios, das casas, das ruas. Na verdade, não sabia nada. Tinha acabado de chegar do Erasmus antes de iniciar o estágio. A Mónica abria as orelhas a ouvir as minhas estórias, as minhas saudades, as minhas aventuras. Depois era a minha vez de lhe pôr a mão no ombro e ouvir as suas palavras. Chegavámos ao jornal, e lá estavam os dois restantes actores desta peça de teatro que tanto estimo - o João e a Carina. Íamos almoçar todos juntos ao restaurante intelectual, que na verdade, deixava a desejar...A Carina em fúrias, sempre com o sangue na guelra. O João calmo e paciente com os dias. A Mónica, a minha trenga favorita com um bom-senso nunca dantes visto. E eu com eles. Eles saberão apreciar-me.
Tenho saudades do meu estágio, e dos estagiários que me acompanharam durante os três meses. Porque éramos e somos amigos. Admiramos o que de melhor cada um tem. No seu trabalho e vida pessoal. Que falta me fazem aqueles três porquinhos.
1 comentário:
Obrigada linda. Pelos dias de "guia turistica", pela troca de confidencias, desabafos, medos...por me teres apresentado um Porto cheio de luz, nas manhãs em que o desanimo era maior. Obrigada também por tere percebido melhor do que ninguém muita coisa...serás sempre a trenga dos olhos cor de mar. Bjao gandm moniquete
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