Baptista-Bastos escreveu o título número um. Prosseguia em lua-de-mel por este Portugal fora quando conheceu Júlia Ramalho - e toca a registar as mãos de Júlia na imprensa portuguesa. Eu decidi escrever o II (que me perdoe o outro jornalista).
Para lá de Barcelos, existe um sítio que se chama Galegos S. Martinho. E aqui existe uma senhora com mãos de condão. É com pessoas como Júlia Ramalho que me entusiasmo na profissão. São estas que valem a pena e que conseguem arrancar um sorriso nos dias a fio que se leva com alguma ingratidão.
Eu gosto do que faço porque conheço pessoas especiais. Pessoas que não ouviria falar se não fosse pelas reportagens locais. Nestas pessoas, não há azáfama, nem correria, nem bocejos de preguiça. Existe uma alma. Um empenho.
Júlia Ramalho trabalha figuras do imaginário, de Barcelos, do que as pessoas lhe encomendam. A avó, Rosa Ramalho, já tinha jeito para o artesanato na época do antigo regime - não teve oportunidade de mostrar essa graça. A neta nasceu com o dom e soube-o aplicar. Em casa tem uma oficina onde estraga as próprias mãos a dar mimos ao barro; tem também uma espécie de museu onde guarda as peças mais bonitas e com muita estória. Daquelas que são sussurradas no ouvido - nunca diante de um microfone. Portanto, se quiserem ouvir estas estórias, preencher um pouco mais de alguns dos dias vazios, Galegos S. Martinho, onde está Júlia Ramalho (devidamente sinalizada) é uma personagem e tanto, com a vantagem de ser verdadeira...ainda que pareça saída de um livro.
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