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quinta-feira, dezembro 25, 2003

Ti

Então escolheste hoje o dia para me puxares as orelhas, apertares-me a cara com as duas mãos. Safado! Olho o relógio: meia-noite e três. Três. O meu número preferido. Até nisso assinaste o momento. É verdade escrevo-te, como sempre escrevi. Descobri-te na voz da mãe a dizer: "Sacode tudo isso, vai tomar banho e deixa escorrer". E eu, ainda ouvi dentro de mim: "Sua palerma, sempre a vencer e sempre a franzir a sobrancelha". Cheguei a pensar que o que ia compor hoje seria: Apetecia trincar-te de raiva mesmo sabendo que não existes. Mas, existes e agora? Lá ando eu mascarada de balança, com dois mundos pendurados a pesar equilíbrio. Afinal, não me cortaram o cordão umbilical!

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