De novo A. calcorreia a rua deserta de branco, suja de silêncio. De phones nos ouvidos. Dirige-se a outro mundo. Entra na hora de ponta. De sonhos. Completa a leitura dos passos com as pegadas de um coração esmagado. Sopra ao silêncio na tentativa fugaz de o fazer desaparecer. Tropeça e não caí [salvou o pára-arranca da hora de ponta dos sonhos]. A música toma conta dele, educa-o, conta-lhe estórias - desmaia na sua cabeça. A. enrola-se na borda do passeio, e revê a preto e branco a cor dos sonhos que se agregam no cruzamento nº 7 da hora de ponta. Pára-arranca. Stop. Sinal de cedência de passagem. De prioridade. Rotundas, muitas.
Na borda do passeio revê o poema que lhe pintou a vida. Foge da borda do passeio. O trânsito acalma. Mau sinal. A música muda de faixa, que muda de música. Já não é pára-arranca. Fluí. Escoa. No stop. Sinal de cedência de passagem. De prioridade. Rotundas, muitas. Vira na rua deserta de preto, suja de barulho. Acorda, adormece. Depende dos acordes. Repara. Olha. Vê. Nada: já circula muito rápido. Falhou um estacionamento. E outro. E outro. E tantos. A música muda de faixa, que muda de música. Esquece o poema. Tropeça e caí.
3 comentários:
que não se perca na vida
um xi-coração
Gostei muito de ler o teu texto. E achei engraçado encontrar o teu blogue... pela semelhança do nosso nome, idade e naturalidade.
Beijinho de outra Joana Soares* ;)
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