O relógio relatava que o dia ia longo, quando B. atravessou a larga avenida de Liverpool St., em Londres. Cansado, percorreu a custo a estação de metro da também cansada Liverpool Station. Era dia de semana. Muitos corpos percorriam aquele corredor cinzento da estação. B. encontrava-se esgotado e embrulhado em malas pesadas e cheias de nada. O único pensamento que lhe ocorria era qual o estado de cada um dos corações guardado em cada um daqueles corpos que lhe derrubavam o equilíbrio. Foi quando venceu o último degrau das escadas que o guiavam até à sua plataforma que B. se deu conta de quem iria estar à sua espera no quarto, ainda desconhecido, quando lá chegasse: a solidão. E, não saberia, como lhe cumprimentar. B. chegou ao quarto, à solidão.
- Boa tarde, senhora Solidão.
-
- Boa tarde. Mais uma tentativa.
-
A solidão abraçou-o, mas B. só queria um aperto de mão.
Chorou. Chorou porque tinha saudades da Mãe.
Foi quando viu a Mãe na mala. Estava lá. Em forma de bilhete. O mais bonito bilhete.
Para B. mostrar ao mundo que tinha o Mundo. Porque tinha a Mãe.
Feliz dia da Mãe, Mãe.
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