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quarta-feira, setembro 11, 2013
Estórias de metro a metro – no Metro
As meninas sentadas atrás de mim falavam muito.
Havia, no entanto, uma palavra que sobressaía mais do que as outras. Diziam ‘caralho’. Tantas vezes quantas as que falavam. ‘caralho’ o almoço que fiz correu mal. ‘caralho’ tive de me despachar. ‘caralho’ ele não largava do meu pé. Até que: ‘caralho’ olha aquela ali tem um rabo de cavalo mesmo giro. Tive um igual mas perdi-o.
Pensei por ela: ‘caralho’. Por compaixão. Ter-se algo bonito e perder-se. É mesmo fodido. Principalmente para uma gaja que se prese.
Continuou a miúda atrás de mim que nunca conheci, a não ser a voz através do ‘caralho’: ‘tem estilo’. E tinha. Esta outra miúda, nos seus 20, entra vitoriosa no metro de vestido cor-de-rosa, de rabo de cavalo. Exibicionista. Parecia saber que alguém, ali, tinha um i-g-u-a-z-i-n-h-o. Mas naquele momento ela era a única.
‘caralho parece a Cleópatra’, comparava a tipa atrás de mim. E parecia. Mesmo. Eu confirmo. Senta-se mesmo à minha frente. Podia ver-me a mim, às outras que nunca vi.
Silêncio.
Devemos ter todas pensado: que grande ‘caralho’.
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