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terça-feira, setembro 10, 2013

malas, nova iorque e acasos: palmira

os dois miúdos vão agarrados a quatro malas. duas para cada um. o rapaz leva na cabeça um boné que diz new york, a rapariga tem umas unhas enormes e vermelhas de sangue com diamantes colados na ponta da unha. Um decote que dá para imaginar o que lá vai dentro. são miúdos. terão 15? 17? vao aos solavancos, eles e as malas. no metro: sentido/direction, aeroporto. irão sozinhos? para nova iorque (tendo em conta o boné do rapaz? não sei. cochicham um com o outro. nos olhos trazem sono. mas já são 16h. ainda assim sono. viajo para dentro da cabeça daqueles miúdos. percebo que vão para nova iorque, que às tantas conhecem a minha prima. palmira. eu sei disto. eles não. separados por um banco no metro, mas com algo em comum. a palmira. tenho a certeza. tenho tanta certeza nisto. como nos acasos. se os miúdos não tivessem tomado o meu metro, sentado à minha frente, com o boné a dizer new york, nunca poderiam conhecer a palmira. mas eu acredito em acasos. a minha prima que está em nova iorque conhece estes miúdos. são, talvez, vizinhos, já lhes preparou refeições no restaurante onde trabalha. ou melhor, são vizinhos. eles não sabem, mas entre o meu banco e o deles existe um nome. palmira. porquê? porque os acasos existem, porque o mundo é pequeno, porque acredito mais na minha imaginação do que no meu país.

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