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sexta-feira, setembro 20, 2013

estórias de metro a metro - os livros

na carruagem do metro que eu escolho vão sempre pessoas com livros como se fosse filhos. os livros sentam-se no colo, a pessoa está ali mas não está ali. é aqui que a minha curiosidade extravasa. seja homem ou mulher, primeiro agarra o livro como se alguém fosse agente de execução e penhorasse o livro. agarram com força o livro nas mãos, encostam-no à cara como se se tivessem esquecido os óculos em casa, e sempre que algum olho alheio tenta perceber o título ou o autor, o livro, na carruagem como troféu, é imediatamente escondido entre os braços. 'tu põe-te fina, tu nem tentes pegar no livro, tu não olhas o meu livro, o livro é só meu'. é um gesto mimado. escrevia eu que as pessoas que lêem no metro não sabem que estão no metro. navegam. viajam. tornam-se outros. pelos breves minutos que a viagem do metro dura - as mesmas linhas de uma estória qualquer fechada entre duas capas - as pessoas que trazem ao colo um livro não tiraram o andante, mas sim um bilhete além da minha carruagem.

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